segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A BALANÇA

Quando menino eu vivia brigando com meus companheiros de brinquedos, e voltava para casa lamuriando e queixando-me deles, isso ocorria, as mais das vezes, com Beto, o meu melhor amigo.
Um dia, quando corri para casa e procurei mamãe para queixar-me do Beto ela me ouviu e disse o seguinte:
-Vai buscar a sua balança e os blocos.
-Mas, o que tem isso a ver com o Beto?
-Você verá...Vamos fazer uma brincadeira.
Obedeci e trouxe a balança e os blocos. Então ela disse:
-Primeiro vamos colocar neste prato da balança um bloco para representar cada defeito do Beto. Conte-me quais são.
Fui relacionando-os e certo número de blocos foi empilhado daquele lado.
-Você não tem nada mais a dizer? Eu não tinha e ela propôs: então você vai agora, enumeras as qualidades dele. Cada uma delas será um bloco no outro prato da balança.
Eu hesitei, porém ela me animou dizendo:
-Ele não deixa você andar em sua bicicleta? Não reparte o seu doce com você?
Concordei e passei a mencionar o que havia de bom no caráter de meu amiguinho. Ela foi colocando os blocos do outro lado. De repente eu percebi que a balança oscilava. Mas vieram outros e outros blocos em favor do Beto.
Dei uma risada e mamãe observou:
-Você gosta do Beto e ficou alegre por verificar que as suas boas qualidades ultrapassavam os seus defeitos. Isso sempre acontece, conforme você mesmo vai verificar ao longo de sua vida.
E de fato. Através dos anos aquele pequeno incidente de pesagem tem exercido importante influência sobre meus julgamentos. Antes de criticar uma pessoa, lembre-se da balança e compare seus pontos bons com os maus. E felizmente, quase sempre há uma vantagem compensadora, o que fortalece em muito a sua confiança no gênero humano.

Do livro: É para o RESTO da VIDA (Wallace Leal V. Rodrigues)

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